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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Estou cansado de todas as opções


C. Michael Patton
C. Michael Patton
Jeffrey Bingham, presidente do Departamento de Teologia no Seminário Teológico de Dallas, tem uma frase que ele usa quando as pessoas defendem algo que não é parte do histórico da fé cristã: “É alguma coisa, mas não é Cristã”. Ultimamente, cada vez mais, tenho perguntado: Quando nós, em nosso zelo por remover possíveis obstáculos ao Evangelho, propomos uma forma de Cristianismo que não é mais cristão?
Nos últimos meses, de acordo com a minha leitura semanal de “o que está acontecendo agora” na teologia, comecei a sentir uma náusea teológica. Meu espírito está doente e a ponto de vomitar. Eu não sei bem como é isso, mas sei que não é bom. Há simplesmente muitas “opções” sendo oferecidas – estamos começando a parecer mais com uma cafeteria do que com uma igreja.
No essencial, unidade, no não-essencial, liberdade… certo? Deixe-me tentar formular brevemente o questionamento que tenho hoje às 17h24. Tenho a sensação de que os teólogos e apologetas cristãos, a fim de fazer nossa fé mais palatável ao mundo exterior, estão tentando mover todas as dificuldades da nossa fé para a categoria “não-essencial” a fim de criar “opções”. É quando quase tudo que está fora da pessoa e da obra de Cristo se torna negociável. Quando é que a forma de Cristianismo que propomos se torna  algo diferente da fé cristã histórica?
Alguns exemplos estão ordenados aqui (perdoe o espírito de sarcasmo a seguir):
1. Problema com a doutrina da punição eterna? Sem problema. Nós temos estas duas opção menos comuns: universalismo ou aniquilacionismo. Você pode acreditar que todas as pessoa eventualmente serão salvas ou que todos os condenados deixarão de existir.
2. Problema com a veracidade das Escrituras? Não é um problema de modo algum. Não há necessidade de acreditar que a Escritura é verdadeira em tudo o que diz, apenas nas “partes importantes” como a ressurreição de Cristo.
3. Problema com uma jumenta falante e outras loucuras? Deixe-me citar uma palavra muito importante: metáfora. Sim, quase todo trecho da escritura pode ser transformado em uma metáfora, mito, parábola, símbolo ou inúmeras outras coisas. Sendo assim, você não tem que aceitar isso.
4. Problema com o relato da criação em Gênesis? Não precisa dar tanta importância. Nós temos muitas opções aqui, inclusive a última, a evolução teísta. O ponto é que, seja qual for a proposta da ciência moderna, você pode aceitar (veja o número 3 para significados de aceitação).
5. Problema com permissões de Deus para o mal? Fácil. Nós temos a opção que diz que Deus, a fim de preservar a liberdade e o verdadeiro amor, não pode saber (e muito menos interferir) das escolhas pecaminosas que as pessoas fazem. Ou seja, ele fica de fora. Isso se chama “teísmo aberto”. Divirta-se.
6. Problema com a doutrina da eleição? Entendo. Essa é particularmente desagradável. No entanto, não precisa ter medo. Você não tem que acreditar nisso. Há uma forma modificada da eleição divina que diz que a escolha de Deus é baseada na nossa escolha. Pronto…problema resolvido.
7. Problema com a exclusividade de Cristo? Novamente, temos a resposta. Atualmente, nós temos essa  idéia chamada “inclusivismo”. Com essa idéia fantasiosa, dizemos que as pessoas podem ser cobertas pelo sangue de Cristo sem realmente aceitar o Evangelho. Maravilha! Próximo…
8. Falando do “sangue” de Cristo, alguns de vocês podem ter problema com a idéia do Pai que sacrificou seu filho (e que ele realmente estava feliz com isso). Sabe todas aquelas coisas arcaicas sobre sacrifícios e derramamento de sangue? Você não tem que aceitar isso também. Há alguns que acreditam que Cristo era um exemplo em vez de ser vítima de “abuso infantil divino” . O perdão de Deus é baseado em seu amor, não em sangue.
9. Problema com o homossexualismo ser pecado? Não deixe que isso o detenha. Muitos dos nossos teólogos mais espertos foram capazes de reformular essa questão de modo que há uma opção que propõe que o homossexualismo não era universalmente condenado na Escritura. Embora aqueles que defendem isso sejam poucos, é suficiente para criar uma brecha para escapar disso. Há mesmo muitas “igrejas gays” que você pode freqüentar. Próximo…
10. Problema com a liderança masculina na igreja e na família? Essa é uma das mais fáceis. Temos toneladas de representantes na igreja (até denominações) que discordam disso. Você é livre para rejeitar qualquer ideia sobre liderança masculina baseada no “contexto cultural”.
Ok. Chega de exemplos.
Aqui está o problema. Enquanto me prendo consideravelmente a crenças tradicionais nessas áreas, com muitas (não todas) dessas listadas eu concordo.  Em outras palavras, eu acredito que há algumas alternativas legítimas, mais notavelmente na questão da eleição. Enquanto Calvinista, sendo muito comprometido com a eleição divina, entendo que há opções alternativas aqui que são viáveis. Em resumo, não acredito que a rejeição à eleição incondicional equivale a uma rejeição ao Cristianismo.
No entanto, quando é que remover nossos obstáculos intelectuais e emocionais cria uma aberração do Cristianismo que é cristão apenas no nome? Quando nossa teologia é manipulada o suficiente para não ser mais uma teologia cristã? Quando é que nós propomos tantas opções no “buffet” cristão que o nome da cafeteria precisa mudar? Quando nossa teologia atravessa a linha a ponto de ser “qualquer coisa, mas não cristã”?
Quando é que remover obstáculos intelectuais cria uma aberração do Cristianismo que é cristão apenas no nome?
Enquanto escrevia isso, estava conversando com um amiga que disse que conhece uma pessoa a quem estava tentando evangelizar, mas que essa pessoa tinha alguns “problemas” com a fé cristã. Ela quer trazer essa pessoa para discuti-los comigo. Eu disse brincando: “Sem problema. Seja qual for o problema que a pessoa tenha, temos várias alternativas! Eu posso responder qualquer coisa!”. Em outras palavras, seja qual for o problema, desde que não seja sobre a ressurreição de Cristo, “nós conhecemos um cara” que pode cuidar disso, se é que você me entende.
Suspeito de qualquer mentalidade que é compelida a produzir todas essas “opções” a fim de fazer o Cristianismo mais palatável. Quem disse que era nossa função? Quando o paladar passou a ser teste de veracidade? Algumas vezes nós cremos em coisas que não são palatáveis, não cremos? É nosso desejo sermos intelectual e culturalmente viáveis, levando nosso testemunho a deturpar “a fé definitivamente entregue aos santos”? Quando nós perdemos a “comunhão dos santos” devido à nossa minimização da fé cristã?  Só porque é difícil acreditar em determinada coisa, isso nos dá o direito a sair à caça de outras opções? Quando foi que levantamos tantas âncoras que ficamos à deriva em um mar estranho? Quando é que isso é “alguma coisa, mas não é cristã”?
Estou cansado de todas as opções. Podemos apenas pregar nossas convicções na igreja e não na cafeteria?
Traduzido por Carla Ventura | iPródigo.com | Original aqui

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